16.11.12

Minha Experiência


Em meados de setembro iniciei um estágio em uma casa de repouso em Assis. Essa experiência está me ajudando a descobrir cada vez mais o rosto de Jesus pobre nos idosos e nos doentes.

Diariamente, ao iniciar meu turno, sinto que o Senhor me pede para ser, antes de tudo, uma presença de amor sem julgamento ou exclusões, alguém que sabe ser imparcial, que é capaz de acolher cada pessoa, e de ir além das aparências.  Essa experiência me permite tocar concretamente a fragilidade dessas pessoas necessitadas de tudo: de serem lavadas, vestidas e alimentadas,  mas mais especialmente, de serem amadas e inclusive, certas vezes, de serem abraçadas. Costumo perceber tanta solidão em seus olhares, tanto abandono e a profunda tristeza ao ver que a vida está chegando ao fim!

Por isso mesmo sinto que Deus esteja me pedindo para tratar cada um de modo particular, para estar atenta e ser sensível às suas dificuldades físicas e psicológicas.  Muitas delas têm problemas para se mover mas, acima de tudo, têm dificuldade em compreender as dimensões de tempo e espaço.  Isso quer dizer que é somente com apenas algumas delas que consigo trocar algumas palavras, mas procuro seguir os conselhos de Madre Francisca que nos recomenda usarmos de bondade em todos os casos, algo que tem funcionado bem, na maioria das vezes.  Constato ser verdade que a linguagem do amor é a mais compreensível de todas, e a única capaz de superar qualquer barreira.

Certas vezes, preciso exercitar a paciência inclusive com certos funcionários da residência, principalmente pela sua maneira rude de tratar os idosos, o que me incentiva a dar um bom exemplo, e a procurar ser uma presença de cura para todos e cada um.

Sinto-me imensamente grata a Deus e à Congregação por me terem dado a possibilidade de viver esta bela experiência em que aprendo tantas coisas com “meus professores”, que são precisamente essas pessoas que tenho todos os dias sob meus cuidados.


Irmã Barbara T.


Irmã Barbara Torregrossa com alguns colegas


Irmã Barbara com um residente da Casa de Repouso


Irmã Barbara com outros residentes da Casa de Repouso


Momento de recreação e partilha


23.10.12

O Significado do Concílio Vaticano II para Mim

Irmã Mary Madonna Hoying, sfp

São muitas as mudanças proporcionadas pelo Concílio Vaticano II que, ao longo destes últimos 50 anos, têm afetado minha vida de maneiras muito saudáveis.  Gostaria de mencionar duas delas que têm particular significação para mim.

 A primeira é “investigar a todo o momento os sinais dos tempos, e interpretá-los à luz do Evangelho” (Gaudium et Spes).  Há 50 anos, começamos a compreender Jesus, a partir dos Evangelhos, de um modo completamente diferente.  Costumávamos até então a nos vermos como sendo "a Igreja E o mundo".  O Vaticano II nos revelou que somos "a Igreja NO mundo", estimulando-nos a sair da “clausura” para irmos ao encontro do mundo REAL, onde somos UM SÓ, juntamente com os leigos.   Começamos a ver Jesus vestido com as roupas que os outros usavam e a sair com eles para realizar nosso apostolado.  Por isso começamos a vestir-nos de maneira mais simples e passamos a incluir ministérios que tivessem mais a ver com os sinais dos tempos juntamente com nossos irmãos e irmãs, no mundo contemporâneo.  Sabíamos muito bem que nós, os religiosos, não podíamos servir apenas por nós mesmos: precisávamos do envolvimento dos leigos.   Foi assim que, com o passar do tempo, aceitamos a inclusão de Afiliados leigos que caminhassem conosco para nos auxiliar em nossas obras.  Que grande presente recebemos do Vaticano II que nos proporcionou a companhia dos nossos Afiliados!

 A segunda maneira à qual o Vaticano II nos chamou a uma maior participação, diálogo e colaboração com o povo de Deus  é o "regresso às origens" (Lumen Gentium) .  Graças à ênfase na "função sacerdotal de todos os que foram batizados e da responsabilidade comum para com a vida e a missão da Igreja", fomos chamados de uma maneira nova à participação autêntica e à cooperação.  A expressão "NÓS somos a Igreja" tornou-se popular.   Entre as Irmãs da nossa Congregação, começamos a formar "Círculos de Vida", para nos incentivarmos a dialogar mais vezes e a partilhar.  Estávamos TODOS sendo chamados a participar da tomada de decisões.  Ao invés do tipo tradicional de obediência “de cima para baixo”, assumimos um modo de viver CIRCULAR para podermos melhor ouvir e responder a todas as nossas irmãs e irmãos enquanto trabalhamos pelo bem comum.  Mais uma vez, procuramos imitar Jesus no Evangelho, quando Ele nos lembra que a liderança NÃO É uma questão de poder, mas sim de serviço de amor uns aos outros.

 Embora possamos ter ainda uma longa caminhada a percorrer para podermos realmente viver os chamados do Concílio Vaticano II, temos sido abençoados e agraciados por muitas maneiras, graças ao Espírito Santo, que nos conduz no Amor de Deus!